O Professor como Animador de Inteligências
O PROFESSOR COMO ANIMADOR DE INTELIGÊNCIAS
Você considera seus alunos inteligentes? Já observou se eles pensam bem
antes de responder a uma questão mais elaborada? Costumam compreender,
interpretar e assimilar o conteúdo recebido, com certa facilidade? O que
significa ser inteligente? O vocábulo “inteligência” vem da junção de duas
palavras latinas, inter “entre” e eligere “escolher”. No sentido
amplo, inteligência é a capacidade cerebral pela qual conseguimos compreender
as coisas a partir da escolha do melhor caminho. Entretanto, no sentido mais
restrito, podemos dizer que inteligência é a capacidade de resolver problemas
novos por meio do pensamento. De certo modo, isso concorda com o ensinamento
geral da Bíblia sobre o assunto: Deus nos fez com a habilidade de nos
adaptarmos às novas situações e problemas da vida. Ele nos criou com a
competência de pensar. Por isso, em sala de aula, devemos oferecer aos nossos
alunos a oportunidade da iniciativa, criatividade e esforço próprio, sem os
quais, jamais desenvolverão amplamente sua capacidade cognitiva -
imprescindível à aprendizagem.
Quem é o aluno inteligente?
Você é capaz de identificá-lo? Ele está em sua classe? O aluno
inteligente não é somente aquele que aprende com facilidade, mas também o que se
adapta às situações inéditas e problemas da vida. Ele pensa reflexivamente e
exprime suas opiniões e idéias com clareza e exatidão. É aquele que está sempre
pronto para aprender coisas novas, conforme ensinou Francis Bacon, “um homem
inteligente consegue criar mais oportunidades do que ele encontra.”
Por que animador de inteligências?
A pedagogia moderna diz que ensinar é fazer pensar, é estimular para
resolução de problemas. Portanto, o mestre deve estimular o educando a pensar
por conta própria. Ou seja, produzir pensamentos novos por sua própria vontade
e esforço. Não se sabe bem por que, mas há professores, tanto na educação
secular quanto na cristã, que não propiciam a seus alunos a oportunidade de
pensar com autonomia. O Mestre dos mestres não agiu desse modo! Jesus sempre
estimulou seus discípulos a pensarem por meio de perguntas inquiridoras e
situações que requeriam profunda reflexão. Seus questionamentos indiretos
exigiam que os discípulos comparassem, examinassem, relembrassem e avaliassem o
que havia aprendido. Ao ensinar a multidão por meio de parábolas, sua intenção
nunca foi a de confundir seus ouvintes, mas, sim, de estimulá-los a descobrir o
significado das palavras que Ele proferia.
Ao longo de alguns anos venho enfatizando que o professor não é apenas
um transferidor de informações e conhecimentos. Sua principal função, segundo
Gardner, é animar, estimular, despertar as potencialidades e as múltiplas
inteligências de seus alunos. Contar histórias para crianças é uma excelente
técnica de ensino, mas por que terminá-las sempre? O ideal é que a criança
interaja com a história contada, apresentando o final dela ou trechos que
pressuponham continuidade.
Incentive a construção do pensamento
Outra
prática interessante é incentivar os alunos a recontar a lição com suas
próprias palavras, oralmente ou por escrito. Isso faz com que apreendam e
assimilem o pensamento central do conteúdo de ensino com mais facilidade. O
professor não deve formular perguntas com respostas óbvias. O correto é elaborar
questões que lhes permitam refletir criticamente em mais de uma possibilidade
de resposta. Na procura pelas melhores e mais adequadas respostas, os alunos
ponderam, analisam as experiências anteriores e buscam novas informações que os
ajudam a esclarecer, explicar e validar a nova experiência de aprendizagem.
O
aluno que pensa com autonomia tem iniciativa, determinação, e está apto para
colaborar com o professor e partilhar seus conhecimentos com os colegas. Pensar
é aprender a ser livre, responsável e honrado. É duvidar, questionar, não de
forma altaneira, orgulhosa, presunçosa, mas visando o bem comum. Pensar não é
repetir ou simplesmente reproduzir. É ativar o que de nobre há no ser humano,
porque pensar é também sentir, intuir. Acerca disso, advertiu-nos o educador
norte-americano, John Dewey: “O objetivo da educação devia ser ensinar a
pensar, e não ensinar o que pensar”.
Nossos alunos não são “mentes vazias”
O professor deve abandonar a retrógrada postura de não reconhecer os
saberes de seus alunos, uma vez que trazem consigo os conhecimentos adquiridos
em outras situações de aprendizagem, vivências e experiências. Conforme afirmou
David Ausubel, “o fato singular mais importante que influencia a aprendizagem é
aquilo que o aprendiz já conhece”.
Grande parte do que o mestre ensina e pratica em classe não é de sua
própria lavra ou propriedade intelectual. Nossos alunos não são “mentes
vazias”! Não são recipientes ou bancos de dados, ao contrário, são seres
pensantes, criativos, imaginativos, extraordinários. Pensam o tempo todo
enquanto recebem nossos conteúdos e instruções. Possuem conhecimentos bíblicos
e gerais que precisam ser valorizados e compartilhados. O mestre da Escola
Dominical precisa estar atento para essa realidade. Não há mais como “esconder
as cartas na manga” à maneira dos “experts” do passado que monopolizavam a
informação para se mostrarem superiores a seus alunos. Hoje, a tecnologia de
ensino não é mais a informação, e sim, a comunicação. E o professor... bem... o
professor assume um papel mais relevante: animador de inteligências coletivas.
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