Saiba como o aluno aprende e coopera com a aprendizagem do colega!
O aluno aprende e ajuda a ensinar
No passado, aprender significava apenas memorizar. A partir do século XVII, Comenius ampliou e atualizou este conceito. Para o “pai da didática moderna”, aprender implica, primeiramente, compreender; depois, memorizar e por fim aplicar o conhecimento recebido. Hoje, sabe-se que aprender é um processo lento, gradual e complexo. Não significa somente acumular dados na memória, mas adaptar-se satisfatoriamente às mais diversificadas situações da vida, evidenciando mudança de comportamento. Conforme lecionou Anísio Teixeira, ilustríssimo educador brasileiro, “fixar, compreender e exprimir verbalmente um conhecimento não é tê-lo aprendido. Aprender significa ganhar um modo de agir”.
O aluno aprende cooperando com o outro
O professor que incentiva a
participação dos alunos em sala de aula promove a “aprendizagem cooperativa”,
ou seja, a troca de experiências. Professores e alunos ajudam-se mutuamente,
como parceiros no processo de ensino-aprendizagem.
Portanto, aprendizagem
cooperativa ou colaborativa é um processo pelo qual os membros de um
determinado grupo ajudam e confiam uns nos outros a fim de atingir um objetivo
combinado. A sala de aula é um excelente lugar para desenvolver as habilidades
de criação de um grupo.
O professor deverá enfatizar
o ensino e a aplicação de estratégias de cooperação entre os alunos. O ponto de
partida é reconhecer que os estudantes aprendem não apenas com o professor, mas
também uns com os outros. Na Escola Dominical, isso pode ser verificado por
meio de várias atividades sugeridas pelo professor, tais como trabalhos de
grupos, estudos de casos ou discussões. De acordo com o que lecionou o educador
americano John Dewey, “aprendemos quando compartilhamos experiências”.
O professor deverá criar
situações que provoquem e estimulem a cooperação, proporcionando experiências
que envolvam interação direta, dependência mútua e responsabilidade individual.
Será necessário ainda, enfatizar a aprendizagem e o exercício das aptidões
indispensáveis à cooperação, como a habilidade de escutar, falar, e ajudar-se
mutuamente.
Características da aprendizagem cooperativa
A aprendizagem cooperativa é
interativa. Como membro de um grupo o aluno deve:
a) Compartilhar um objetivo comum;
O ideal é que os próprios
alunos escolham ou participem da escolha do tema do trabalho a ser desenvolvido
em sala de aula, em casa ou em qualquer outro lugar. Se eles participarem da escolha do tema, é
certo que também terão em mente as razões que os levarão à conclusão do
trabalho. Os objetivos têm de ser partilhado com todos.
b) Compartilhar sua compreensão acerca de determinado
problema;
Às vezes, de onde menos se
espera é que vêm as melhores ideias, pensamentos e soluções. Há alunos que são
quietos, sossegados por natureza. Quase não se ouve a voz deles, quase não se
percebe sua presença na sala de aula, mas... de repente... mostram-se
inteligentes, geniais, especiais. Trata-se do tão falado insight. Aquela ideia maravilhosa, compreensão clara e repentina da
natureza íntima de determinado assunto, que nos vem sem que sequer percebamos.
Todas as ideias, insights e soluções, devem ser compartilhados, independente de
quem os tenha.
c) Responder aos questionamentos e aceitar os insights
e soluções dos outros;
Nem sempre estamos
preparados para aceitar as opiniões e contribuições dos outros. Imaginamos que
somente nós temos boas idéias, e pensamentos dignos da consideração do grupo.
Isto é, o que o outro pensa ou sabe a respeito do tema que está sendo tratado,
na nossa consideração, é insipiente, incompleto ou até mesmo irrelevante.
Este tipo de comportamento
é prejudicial ao relacionamento do grupo e ao resultado final do trabalho,
embora seja comum em nossas classes.
d) Permitir aos outros falarem e contribuírem, e considerar
suas contribuições;
Tanto o professor quanto o
aluno, jamais poderão desprezar ou desconsiderar a cooperação de qualquer
pessoa que seja. Pois, todos possuem saberes, informações e experiências para
compartilhar.
e) Ser responsável pelos outros, e os outros serem
responsáveis por ele;
No trabalho de grupo, ao
mesmo tempo em que cada um é responsável por si e por aquilo que faz, também o
é pelos outros e pelo que os outros fazem. A responsabilidade do resultado do
trabalho é de todos.
f) Ser dependente dos outros, e os outros serem
dependentes dele.
No trabalho de grupo, todos
dependem de todos. Não há espaço para individualismo ou estrelismo. O trabalho
de grupo é como uma edificação. Todos constroem sobre o que outros já
construíram.
O aluno aprende por meio da interação em sala de aula
Na interação entre
professores e alunos, supõe-se que os mestres ajudem inicialmente os estudantes
na tarefa de aprender, visto que esse auxílio logo lhes possibilitará pensar
com autonomia. Para aprender, o aluno precisa ter alguém ao seu lado que o
acompanhe nos diferentes momentos de sua aprendizagem, esclareça suas dúvidas,
ajudando-o a alcançar um nível mais elevado de conhecimento.
Por meio da interação
estabelecida entre o professor e o aluno, constrói-se novos conhecimentos,
habilidades, competências e significações.
Cabe ao professor conhecer
seus alunos profundamente, a fim de familiarizar-se com os modos por meio dos
quais eles raciocinam. Conhecendo bem o pensamento dos alunos, o mestre estará em
condições de organizar a situação de aprendizagem e, sobretudo, interagir com
eles, ajudando-os a elaborar hipóteses a respeito do conteúdo em pauta,
mediante constante questionamento. Desta forma, os estudantes poderão, aos
poucos e com os próprios esforços, formularem conceitos e noções da matéria de
estudo.
Os comportamentos do
professor e dos alunos estão, portanto, dispostos em uma rede de interações que
envolvem comunicação e complementação de papéis, onde há expectativas
recíprocas. Nessas interações é importante que o professor se coloque no lugar
dos alunos para compreendê-los (empatia), ao mesmo tempo em que os alunos podem
conhecer as opiniões, os propósitos e as regras que seu mestre estabelece para
o grupo.
Na interação há constantes
trocas de influências. O professor, a cada momento, procura entender as
motivações e dificuldades dos aprendizes, suas maneiras de sentir e reagir
diante de certas situações, fazendo com que as interações em sala de aula
continuem de modo produtivo, superando os obstáculos que surgem no processo de
construção partilhada de conhecimentos. Assim, comportamentos como perguntar,
expor, incentivar, escutar, coordenar, debater, explicar, ilustrar e outros
podem ser expressos pelos alunos e pelo professor numa rede de participações
onde as pessoas consideram-se reciprocamente, como interlocutores que constroem
o conhecimento pelo diálogo.
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