A Arte de Ensinar a Aprender
A ARTE DE ENSINAR A APRENDER
Por: Marcos Tuler
“A arte de ensinar a aprender consiste em formar fábricas, não
armazéns”.
(Jaime Balmy,
filósofo espanhol)
O Aluno Aprende
Quando Muda de Comportamento.
Em tempos passados, aprender significava apenas memorizar. A partir do século XVII, Comenius ampliou e atualizou este conceito. Para o “pai da didática moderna”, aprender implica, primeiramente, compreender; depois, memorizar e por fim aplicar o conhecimento recebido. Hoje, sabe-se que aprender é um processo lento, gradual e complexo. Não significa somente acumular dados na memória, mas adaptar-se satisfatoriamente às mais diversificadas situações da vida, evidenciando mudança de comportamento. Conforme lecionou Anísio Teixeira, ilustríssimo educador brasileiro, “fixar, compreender e exprimir verbalmente um conhecimento não é tê-lo aprendido. Aprender significa ganhar um modo de agir”.
O aluno aprende
cooperando com o outro – Aprendizagem cooperativa
Portanto, aprendizagem cooperativa ou colaborativa é um
processo pelo qual os membros de um determinado grupo ajudam e confiam uns nos
outros a fim de atingir um objetivo combinado. A sala de aula é um excelente
lugar para desenvolver as habilidades de criação de um grupo.
O professor deverá enfatizar o ensino e a aplicação de
estratégias de cooperação entre os alunos. O ponto de partida é reconhecer que
os estudantes aprendem não apenas com o professor, mas também uns com os
outros. Na escola isso pode ser verificado por meio de várias atividades
sugeridas pelo professor, tais como trabalhos de grupos, estudos de casos ou
discussões. De acordo com o que lecionou o educador americano John Dewey,
“aprendemos quando compartilhamos experiências”.
O professor deverá criar situações que provoquem e estimulem
a cooperação, proporcionando experiências que envolvam interação direta,
dependência mútua e responsabilidade individual. Será necessário ainda,
enfatizar a aprendizagem e o exercício das aptidões indispensáveis à
cooperação, como a habilidade de escutar, falar, e ajudar-se mutuamente.
Aprendizagem cooperativa
desenvolvida na sala de aula.
Como membro de um grupo o aluno deve:
a) Desenvolver e
compartilhar um objetivo comum;
O ideal é que os próprios alunos escolham ou participem da
escolha do tema do trabalho a ser desenvolvido em sala de aula, em casa ou em
qualquer outro lugar. Se eles
participarem da escolha do tema, é certo que também terão em mente as razões
que os levarão à conclusão do trabalho. Os objetivos têm de ser partilhados com
todos.
b) Compartilhar sua compreensão
de determinado problema, questões, insights e soluções;
Às vezes, de onde menos se espera é que vêm as melhores
ideias, pensamentos e soluções. Há alunos que são quietos, sossegados por
natureza. Quase não se ouve a voz deles, quase não se percebe sua presença na
sala de aula, mas... de repente... mostram-se inteligentes, geniais, especiais.
Trata-se do tão falado insight.
Aquela ideia maravilhosa, compreensão clara e repentina da natureza íntima de
determinado assunto, que nos vêm sem que sequer percebamos. Todas as questões,
insights e soluções, independente de quem os tenham, terão de ser
compartilhados.
c) Responder aos
questionamentos e aceitar os insights e soluções dos outros;
Nem sempre estamos preparados para aceitar as opiniões e
contribuições dos outros. Imaginamos que somente nós temos boas ideias, e
pensamentos dignos da consideração do grupo. Isto é, o que o outro pensa ou
sabe a respeito do tema que está sendo tratado, na nossa consideração, é
insipiente, incompleto ou até mesmo irrelevante.
Este tipo de comportamento é prejudicial ao
relacionamento do grupo e ao resultado do trabalho, embora seja comum em nossas
classes.
d) Permitir aos
outros falarem e contribuírem, e considerar suas contribuições;
Tanto o professor quanto o aluno, jamais poderão
desprezar ou desconsiderar a cooperação de qualquer pessoa que seja. Pois,
todos possuem saberes, informações e experiências para compartilhar.
e) Ser responsável
pelos outros, e os outros serem responsáveis por ele;
No trabalho de grupo, ao mesmo tempo em que cada um é
responsável por si e por aquilo que faz, também o é pelos outros e pelo que os
outros fazem. A responsabilidade do resultado do trabalho é de todos.
f) Ser dependente dos
outros, e os outros serem dependentes dele. No trabalho de grupo, todos
dependem de todos. Não há espaço para individualismo ou estrelismo. O trabalho
de grupo é como uma edificação. Todos constroem sobre o que outros já
construíram.
O que permite a
criação de um bom grupo de aprendizagem?
Muitos professores, encetam trabalhos de grupo em suas
classes, sem conhecerem os processos grupais. Vejamos como os alunos se
comportam e se relacionam em grupo e quais atitudes devem ser tomadas em cada
situação:
a) O professor pode facilitar a discussão e sugerir
alternativas, mas não deve impor soluções aos grupos, especialmente àqueles
alunos que apresentam dificuldades de trabalhar em conjunto.
b) Os grupos deverão ter de três a cinco componentes, pois, grupos maiores têm dificuldade em manter todos os membros envolvidos o tempo todo.
b) Os grupos deverão ter de três a cinco componentes, pois, grupos maiores têm dificuldade em manter todos os membros envolvidos o tempo todo.
c) Grupos designados pelo professor, normalmente, funcionam
melhor que os que se formam por si mesmos.
d) Em um grupo de trabalho há níveis diferentes de
habilidades, formação, experiência.
e) Cada participante fortalece o grupo e cada membro do
grupo é responsável não apenas por dar força, mas também por ajudar os outros a
entender a fonte de suas forças.
f) O membro do grupo que não se sentir confortável com a
maioria, deverá ser encorajado e fortalecido a fim de dar sua contribuição.
g) A aprendizagem é influenciada positivamente com a
diversidade de perspectivas e experiências.
h) Com o trabalho de grupo aumenta-se as possibilidades para a resolução de problemas.
i) Cada componente deve comprometer-se com os objetivos estabelecidos pelo grupo.
h) Com o trabalho de grupo aumenta-se as possibilidades para a resolução de problemas.
i) Cada componente deve comprometer-se com os objetivos estabelecidos pelo grupo.
j) Avaliações deverão ser feitas para se verificar quem
realmente está contribuindo em benéfico de todos.
l) O grupo tem o direito de excluir um membro que não
coopera e não participa; isto é, depois de tomadas todas as medidas a fim de
que a situação se reverta. (O aluno excluído terá de encontrar outro grupo que
o aceite.)
m) Qualquer aluno tem o direito de sair do grupo, caso
perceba que está fazendo a maior parte do trabalho com pouca ou nenhuma ajuda
dos outros (esse aluno, facilmente encontrará um outro grupo que acolha suas
contribuições).
n) Algumas responsabilidades operacionais são compartilhadas, definidas e concordadas pelos membros de um grupo. Por exemplo:
n) Algumas responsabilidades operacionais são compartilhadas, definidas e concordadas pelos membros de um grupo. Por exemplo:
–
Todo o grupo deve comprometer-se em participar, preparar e chegar na hora para
as reuniões;
–
As discussões devem ser focadas nos temas, evitando críticas pessoais;
–
Ter responsabilidade para a divisão de tarefas e realizá-las a contento.
O aluno aprende por
meio da interação em sala de aula.
Na interação entre professores e alunos, supõe-se que os
mestres ajudem inicialmente os estudantes na tarefa de aprender, visto que esse
auxílio logo lhes possibilitará pensar com autonomia. Para aprender, o aluno
precisa ter alguém ao seu lado que o acompanhe nos diferentes momentos de sua
aprendizagem, esclareça suas dúvidas, ajudando-o a alcançar um nível mais
elevado de conhecimento.
Por meio da interação estabelecida entre o professor
(parceiro mais experiente e sensível) e o aluno, constrói-se novos
conhecimentos, habilidades, competências e significações.
Cabe ao professor conhecer seus alunos profundamente, a fim
de familiarizar-se com os modos por meio dos quais eles raciocinam. Conhecendo
bem o pensamento dos alunos, o mestre estará em condições de organizar a situação
de aprendizagem e, sobretudo, interagir com eles, ajudando-os a elaborar
hipóteses a respeito do conteúdo em pauta, mediante constante questionamento.
Desta forma, os estudantes poderão, aos poucos e com os próprios esforços,
formularem conceitos e noções da matéria de estudo.
Os comportamentos do professor e dos alunos estão, portanto,
dispostos em uma rede de interações que envolvem comunicação e complementação
de papéis, onde há expectativas recíprocas. Nessas interações é importante que
o professor se coloque no lugar dos alunos para compreendê-los (empatia), ao
mesmo tempo em que os alunos podem conhecer as opiniões, os propósitos e as
regras que seu mestre estabelece para o grupo.
Na interação há constantes trocas de influências. O
professor, a cada momento, procura entender as motivações e dificuldades dos
aprendizes, suas maneiras de sentir e reagir diante de certas situações,
fazendo com que as interações em sala de aula continuem de modo produtivo,
superando os obstáculos que surgem no processo de construção partilhada de
conhecimentos. Assim, comportamentos como perguntar, expor, incentivar,
escutar, coordenar, debater, explicar, ilustrar e outros podem ser expressos
pelos alunos e pelo professor numa rede de participações onde as pessoas consideram-se
reciprocamente, como interlocutores que constroem o conhecimento pelo diálogo.
Contato para palestras:
prof.mtuler@gmail.com
(21) 99991-9952
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