A PALAVRA NÃO ESTÁ PRESA
A
PALAVRA NÃO ESTÁ PRESA
Marcos
Tuler
Certo dia, ouvi o testemunho de um rapaz que durante dez anos,
quase todos os domingos, cruzava o caminho de uma tradicional família cristã.
Naquela época, ele não era crente e ansiava por ouvir qualquer palavra que lhe
aliviasse o sofrimento.
Ainda posso ouvi-lo narrando os fatos detalhadamente:
“Morávamos no mesmo quarteirão. Éramos vizinhos e nos
encontrávamos principalmente aos domingos. Era uma linda e abençoada família: o
pai, vestido num engomadíssimo terno de linho, mal conseguia mexer o pescoço,
aplumado forçosamente para não desalinhar a gravata. A mãe, quase sempre a
rigor, costumava usar um vestido de seda pura nas chamadas datas especiais.
Porém, às vezes, se contentava com um domingueiro vestido de malha ou saia e
blusa. Os filhos? Vi-os crescer! Eram duas crianças bem-comportadas: o menino,
esperto e falante, estava sempre ao lado do pai. A menina, mais discreta,
preferia a companhia da mãe. “Observava todos esses detalhes de longe, porque
todas as vezes que nos aproximávamos à distância de 50 metros, todos, num
rompante atravessavam a calçada para não ‘batermos de frente’.
“Não me cumprimentavam! Na verdade, nem sequer olhavam na minha
direção. Eu precisava tanto de uma palavra! Algo me dizia que eles teriam a
solução para a minha vida.”
A descrição desta cena seria corriqueira não fosse um detalhe
importante: a real possibilidade de Salvação pela simples liberação da “Palavra
do Testemunho”.
De um lado, uma família de crentes, de outro um rapaz perdido,
triste e sedento de Deus.
Nenhuma atenção, nenhum convite e nenhuma palavra se ouvia. A
Palavra de Deus estava presa, cerrada no coração e nos lábios daqueles crentes.
A Palavra Livre no Testemunho
Muitos cristãos, nem sempre por presunção, mas talvez por medo ou
timidez, de igual modo trancafiam a Palavra dentro de si mesmos, parecendo
usufruírem egoisticamente do precioso alimento e favor do Senhor.
Em outros tempos, nos primórdios da cristandade, acentuava o
despretensioso apóstolo dos gentios, provavelmente na frialdade de sua cela:
"Pelo que sofro trabalhos, e até prisões, como um malfeitor; mas a Palavra
de Deus não está presa" (2 Tm 2.9).
A mão de Paulo, ligada com cadeias, foi escolhida para desligar a
verdade a favor da Igreja de Cristo, a fim de a santificar, de libertá-la do
poder de Satanás, de suas ciladas e mentiras. O apóstolo sofria com as cadeias,
mas sabia que estava preso para que a Palavra de Deus fosse livre.
Indiferente ao próprio sofrimento por considerar-se “prisioneiro
de Cristo”, o magnânimo apóstolo não temia o que lhe pudesse acontecer:
libertava a Palavra, varonil e corajosamente.
A despeito de quaisquer circunstâncias, nunca deixou de incentivar
seus colaboradores a pregarem a Palavra: “Conjuro-te, pois, diante de Deus e do
Senhor Jesus Cristo (...) que pregues a palavra, instes a tempo e fora de
tempo, redarguas, repreendas, exortes, com toda a longanimidade e doutrina” (2
Tm 4.2).
Pensemos o que lhe custou a inspiração de suas mensagens. Foi
grande o preço pago, mas Deus pôde comunicar-lhe sua revelação.
A Palavra Livre nos Púlpitos
A Palavra de Deus não está presa. Sempre estará livre; jamais
poderá ser sujeitada, reprimida, sufocada ou impedida de cumprir expansivamente
sua sublimada missão. “Velo sobre a minha palavra para a cumprir”, diz o
Senhor.
Muitos “pregadores” tentam forjá-la, mitigá-la ou até mesmo
privatizá-la. Julgam-se senhores, proprietários ou simplesmente administradores
da Augusta Palavra. Comportam-se como se tivessem o poder de represá-la,
controlando e sustendo a passagem de suas efusivas e caudalosas águas.
Pregam quando, como, e o que querem: Filosofam, discursam,
dramatizam; enfadam-se de primorosa retórica, porém, vazia de conteúdo
divinamente inspirado. Ao invés de liberarem a Palavra do Senhor com poder,
desvirtuam-na com paráfrases, historietas e comentários divorciados da essência
dos santos Oráculos. Em suma, tentam conter ou afunilar a passagem de um
“turbilhão de águas” nos fracos diques de suas vaidades.
Até quando tais pregadores abrandarão o “peso da Palavra do
Senhor”? Até quando permanecerão impunes por esvaziarem-na de sentido? Até
quando serão poupados da potente mão do Altíssimo?
E nós, temos coragem de testemunhar? Não é o temor que muitas
vezes nos impede? Ou será que não libertamos a Palavra por recearmos a nossa
própria censura e conseqüente consternação.
Atualmente muitos “mensageiros”, ao invés de sacrificarem-se pela
liberdade da Palavra, sacrificam a Palavra para “pregarem” com liberdade.
Tenhamos, pois, a convicção e a humildade do apóstolo Paulo
exemplificadas em seu pedido de oração: “Orai por mim, para que me seja dada,
no abrir da minha boca a Palavra com confiança, para fazer notório o ministério
do evangelho, pelo qual sou embaixador em cadeias; para que possa falar dele
livremente, como me convém falar” (Ef 6.19,20).
Por incrível que pareça, as prisões de Paulo serviram para
encorajar os santos na pregação do evangelho: “Muitos
dos irmãos no Senhor, tomando ânimo com as minhas prisões, ousam
falar a palavra mais confiadamente, sem temor” (Filipenses 1.14). Isto quer
dizer que, indiferentes aos riscos que corriam, a Palavra do Senhor fluía
sonora e livremente entre os lábios dos nossos primitivos irmãos.
Façamo-nos esta pergunta: a Palavra de Deus está livre em minha
vida?
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Maravilhosa essa reflexão que o nosso Deus continue abençoando e expirando nessa caminhada
ResponderExcluirOk! Muito obrigado pelo comentário e pela consideração! Abraços e paz!
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