PARA QUE SERVE O DOM DE ENSINAR
Por: Marcos Tuler
1. Os líderes do quíntuplo
ministério foram chamados com três objetivos específicos e coordenados:
a) Capacitar
os santos;
b) Servir às
necessidades da igreja; e
c) edificar o
corpo de Cristo.
O principal
objetivo do quíntuplo ministério, em relação à igreja, é sem dúvida, o de levar
o corpo de Cristo a alcançar a plena maturidade (Ef 4.13). Mas... como?
– Que todos os
crentes possam não apenas alcançar a fé em Cristo, mas a “unidade da fé”.
– Que todos os
crentes possam não apenas ter algum conhecimento a respeito de Cristo, mas ter
o “pleno (epignosis) ou total
conhecimento” do Filho de Deus”.
– Que todos os
crentes possam não apenas crescer em Cristo, mas chegar “à medida da estatura
completa de Cristo”.
Somente então
se tornarão maduros. Literalmente, “se tornarão pessoas perfeitas e totalmente
amadurecidas”.
“A quem anunciamos, admoestando a todo o
homem, e ensinando a todo homem em toda a sabedoria; para que apresentemos todo
o homem perfeito em Jesus
Cristo ” (Cl 1.28).
2. Três
princípios fundamentais para o líder-mestre.
a) Cristo
designou os líderes-mestres para preparar os santos para a obra do ministério.
Isso
significa que o líder-mestre não deverá preocupar-se em apenas transmitir
conteúdos bíblicos para os seus liderados. Pouco adiantará se eles receberem
apenas informações, instruções acerca do ministério. Eles terão de ser
preparados, treinados.
“...querendo o aperfeiçoamento
dos santos...”
“Aperfeiçoamento”, do gr. Katartizo,
significa consertar, restaurar, colocar em ordem (diz respeito à cirurgia de
redução de osso quebrado – para ajustar sua função no corpo). Significa tornar
alguém pronto para o serviço do ministério.
Aqui, percebemos que a
principal tarefa do líder-mestre é preparar seus liderados para fazer alguma
coisa. Seu foco principal precisa ir além do conhecimento e se concentrar em
aplicar na prática o conhecimento obtido.
Segundo o professor Ralph W. Tyler, “a aprendizagem se realiza através da conduta ativa do aluno, que aprende mediante o que ele faz e não o que faz o professor”.
Como preceituou o especialista Robert Wiener, “não é a quantidade de informação emitida que é importante para a ação, mas antes a qualidade e medida de informação capaz de estabelecer-se o bastante num dispositivo de armazenamento e comunicação, de modo a servir de gatilho para a ação”.
Atualmente, diante da explosão de conhecimentos, o mestre deve selecionar as informações que realmente são relevantes. Deve fazer com que os discípulos atinjam níveis cada vez mais altos de reflexão, autonomia e aplicação adequada dos conhecimentos.
Muitos mestres no passado
achavam que deviam selecionar um grande acervo de informações e amontoá-lo na
mente de seus discípulos. Imaginavam que o discípulos exemplar era aquele capaz
de memorizar a maior quantidade possível de fatos, nomes, datas, conceitos,
definições, fórmulas etc. Porém, hoje sabemos que a função do professor não se
resume apenas na apresentação de fatos a seus alunos. É preciso conduzi-los à
compreensão e aplicação desses fatos à sua própria realidade e experiência de
vida. Ou seja, devemos fazer de tudo para que nossos discípulos sintam prazer
em aprender as coisas que lhes são necessárias e significativas.
As informações contidas em um
livro não são consideradas conhecimento até que sejam colocadas em prática por
quem as lê. Muitos crentes têm apenas informações acerca da Palavra de Deus e
não conhecimento, visto que não a praticam.
b) Os santos constituem o
público-alvo dos líderes-mestres.
“...querendo o
aperfeiçoamento dos santos...”
O líder-mestre deve ensinar e
treinar crentes, não descrentes. A pregação e o ensino deverão visar a
preparação dos santos e não a evangelização dos não crentes. O líder-mestre deverá
preparar aqueles que irão evangelizar.
c) A obra do ministério
realizada pelos santos é resultado da preparação feita pelos líderes-mestres.
Os santos estão realmente
realizando a obra?
“...na medida em que cada
parte realiza a sua função e pelo auxílio de todas as juntas, cresce e
edifica-se a si mesmo em amor” (Ef 4.16 – NVI).
a) Em qual ministério, os
santos preparados por nós, estão envolvidos? Qual é a natureza desse
ministério?
“...obra do ministério...”
Isso diz respeito à qualidade
e o direcionamento do nosso ensino. O que Deus quer que realmente ensinemos?
Como Ele quer que ensinemos? O que Deus quer que nossos alunos aprendam? A
ênfase de Deus sempre recai sobre o que eles poderão, aprender, fazer. Mas,
nós, líderes-mestres, quase sempre enfatizamos aquilo que fazemos.
Enquanto Deus valoriza mais a
obra do ministério, nós, geralmente, damos mais valor ao conteúdo que temos a
transmitir, nosso plano de aula, nossas anotações, nossos métodos e oratória.
Precisamos nos perguntar: O
que nossos alunos estão “fazendo para Deus” em conseqüência do nosso ensino?
b) Quantos de nossos
discípulos estão realmente envolvidos na obra do ministério?Qual é a
percentagem?
“...cada parte...”
A ênfase está na total
participação de todos os santos. E o percentual que não está participando, você
se preocupa com ele?
c) Nossos discípulos estão
fazendo exatamente aquilo para o qual foram chamados?
“...cada parte realiza a
sua função....”
Deus concedeu a cada crente um
dom espiritual para um propósito específico no ministério.
Não podemos dizer que
cumprimos nosso ministério apenas porque nossos alunos estão “fazendo alguma
coisa para Deus”. Eles precisam fazer aquilo para o qual foram comissionados
por Deus.
d) Nossos discípulos estão
realizando uma obra de excelência, em termos de qualidade e quantidade?
“...uma obra excelente...”
(versão inglesa)
Tudo o que Deus faz é
excelente. Por isso Ele espera que treinemos nossos discípulos continuamente,
até que consigamos melhorar seus desempenhos.
O padrão de desempenho deve ir
além do simples “pôr à prova o conhecimento do conteúdo”.
Deus não está interessado
apenas que “os santos” estejam trabalhando, mas que atuem eficientemente.
e) Qual é o percentual de
crescimento de nossos alunos?
“...faz o aumento do
corpo...” “...o corpo cresce...”
O crescimento do “corpo” se dá
por meio do ensino eficaz da Palavra de Deus.
Por que a igreja primitiva
cresceu tanto? “E perseveravam na doutrina dos apóstolos” (...) “E todos os
dias acrescentava o Senhor à igreja aqueles que se haviam de salvar” (At
2.42,47).
f) Os alunos estão
ministrando uns aos outros?
“...edifica-se a si mesmo
em amor”.
Apesar de nossa enorme
responsabilidade, não somos os únicos responsáveis pelo ensino de nossos
discípulos. Tudo o que ensinamos é automaticamente repassado entre eles. É a
lei da multiplicação.
“E as palavras que me ouviu
dizer na presença de muitas testemunhas, confie-as a homens fiéis que sejam
também capazes de ensinar outros” (2 Tm 2.2).
4. O modelo da preparação.
“Deus designou (deu) alguns... pastores
e mestres”
a) pastores-mestres.
Isto significa que os
pastores-mestres são um presente de Deus para a igreja. A igreja sente que você
é um presente de Deus para ela? A igreja está satisfeita com você, como
presente?
“recebestes dons para os
homens” “...recebestes homens como dádivas...” (Sl 68.18).
Deus nos entregou a Cristo
como dádivas. Somos
dádivas de Cristo. Cristo nos concedeu dons. Ele então nos dá à igreja,
inclusive com os nossos dons.
Não somos colocados numa sala
de aula por engano ou acaso, mas sim por uma suprema nomeação do próprio
Criador. Deus é a fonte dos mestres.
b) Os santos.
Os chamados a ensinar são
comissionados por Deus para trabalhar primordialmente no meio dos santos.
c) O mundo.
O ideal é que o professor não
se dirija diretamente ao mundo para evangelizar.
5. Na prática, como deve
ser o trabalho do líder-mestre?
a) Desenvolva sermões didáticos (expositivos)
tanto quanto proféticos;
b) Ao preparar seus sermões, considere as necessidades da
sua igreja;
c) Explique os conceitos bíblicos e faça aplicações
práticas.
d) Seja o exemplo das atitudes e dos valores que você
deseja transmitir.
e) Estabeleça relacionamentos verdadeiros com os membros
da sua igreja.
f) Enfatize todas as ações cristãs que deverão ser
implementadas como resultado da sua pregação.
g) Ajude sua igreja a encontrar respostas por si mesma.
h) Trabalhe com pequenos grupos, quando possível, para
discussão e participação.
i) Privilegie os indivíduos dentro da igreja.
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